Apoie o jornalismo independente de Pernambuco

Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52

Viver significa tomar partido

Marco Zero Conteúdo / 28/10/2022
Em meio a mãos levantadas, porém desfocadas pela câmera, se vê, ao longe, Lula - de camisa azul claro e boné branco - levantando a mão esquerda de Marília Arraes - de vestido vermelho escuro. Ao fundo, bandeiras nas cores da campanha de Lula.

Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

por Patrick Campos*, Raphaela Carvalho** e Tiago Paraíba***

“Odeio os indiferentes. (…) Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes”.

Antônio Gramsci

No próximo dia 30 de outubro, a classe trabalhadora brasileira travará uma batalha decisiva na luta contra o fascismo. Iremos às urnas no segundo turno das eleições munidos de esperança e muita determinação para derrotar um projeto de morte, privatização e ataques contra os direitos sociais, o setor público, a soberania nacional e as liberdades democráticas.

A eleição de Lula presidente é a mais importante tarefa que as forças do campo democrático-popular possuem nessa quadra histórica. Assim, em cada local de estudo, trabalho e moradia, é preciso organizar a campanha até o último minuto, disputando os votos de indecisos e garantindo uma grande vitória política e eleitoral.

Em Pernambuco, essa tarefa está diretamente ligada ao enfrentamento das forças conservadoras e reacionárias que se organizaram em torno da candidatura de Raquel Lyra ao Governo do Estado. Em seu palanque estão as maiores ameaças aos direitos do povo pernambucano, com representantes do bolsonarismo e do que há de mais atrasado na política estadual.

O movimento político desencadeado por ela no segundo turno, busca reeditar de forma piorada a fracassada “União Por Pernambuco”, frente de direita responsável por algumas das páginas mais desastrosas da histórica pernambucana, com governos neoliberais que privatizaram empresas públicas, sucatearam serviços essenciais e mantiveram altos índices de fome e pobreza em nosso estado.

Agora, além destas forças estarem novamente unidas, a candidata está sendo o bote de salvação do bolsonarismo. Com isso, e diante da posição vacilante da candidata Raquel Lyra, que recusa-se a se posicionar diante da disputa nacional, contribuem diretamente para que a extrema-direita espalhe suas raízes entre setores da classe trabalhadora pernambucana.

Nesse sentido, a candidatura de Raquel Lyra é um perigo, pois tem sido decisiva para fortalecer a campanha fascista de Bolsonaro. Afinal, boa parte da campanha de Bolsonaro atua para apresentá-lo como um democrata, técnico, que joga dentro das quatro linhas. Raquel, ao ignorar a disputa nacional, mas ser o palanque dos bolsonaristas, ajuda muito na tática deles.

A tática de neutralidade pode parecer um bom cálculo eleitoral para flutuar entre o bolsonarismo e os eleitores de Lula, mas dentro da atual polarização, ao tentar fazer parecer que não é uma disputa da democracia contra o fascismo, da vida contra a morte, mas de dois democratas, a campanha tucana naturaliza a violência bolsonarista, os crimes cometidos pela família do presidente e todas as ameaças contra a democracia e os direitos da maioria do povo trabalhador.

Entre os apoiadores de Raquel está o que há de pior no bolsonarismo pernambucano. Dentre elas, Clarissa Tércio. Figura abjeta da extrema direita, Clarissa protagonizou episódios bizarros, como a entrega de kits anti-covid nas comunidades, contendo remédios comprovadamente ineficazes no enfrentamento ao vírus, e a cruzada contra os médicos e a criança de dez anos, vítima de estupro, que precisou fazer a interrupção da gravidez resultante dessa violência.

De Raquel, que se esforça para demonstrar um mínimo de apreço pela democracia, se deveria exigir nada menos do que responsabilidade histórica. A trajetória humana está repleta de passagens onde figuras influentes lavaram suas mãos diante de ameaças perigosas como o bolsonarismo, e isso nos custou muito caro. No Brasil, a eleição de Bolsonaro em 2018 já nos custou mais de meio milhão de mortos na pandemia enquanto seu ministro da Saúde fazia de cidades como Manaus, laboratório para testar “imunidade de rebanho”, conforme apontam denúncias e provas apresentadas à CPI da Covid-19.

Bolsonaro é resultado, dentre outros fatores, do cálculo golpista de 2016 orquestrado pela direita tradicional. Na tentativa de voltar ao poder, construiu um tríplice golpe: o impeachment de Dilma, a prisão injusta e ilegal de Lula e o impedimento de sua candidatura à presidência em 2018.

Diante da resistência da classe trabalhadora, esta mesma direita foi ao esgoto da humanidade e deu musculatura ao fascismo bolsonarista, na expectativa de assumir o controle dos rumos do país. Acontece que o fascismo não se domestica e não se controla. O resultado foi o fortalecimento e a consolidação da extrema-direita, com um projeto de destruição que hoje ameaça o futuro do nosso país.

A reedição da União por Pernambuco, desconsiderando a ameaça bolsonarista, mostra que a ânsia pelo poder desconsidera a trágica experiência nacional e põe em risco o estado que é exemplo de resistência quando orgulhosamente afirmamos que em Pernambuco, fascistas não se criam.

Numa situação limite como a que estamos vivendo, é inaceitável a neutralidade diante da ameaça bolsonarista. Por isso, reforçamos a importância da mobilização popular e da campanha de rua, enfrentando o discurso conservador daqueles que querem ser eleitos com o apoio de Bolsonaro para editar uma nova versão dos piores governos vividos por Pernambuco.

Precisamos de uma campanha que faça a disputa política e ideológica em defesa da democracia. Neste momento, é a candidatura de Marília Arraes que tem assumido esse compromisso, colocando a candidatura presidencial de Lula na linha de frente de sua campanha. Da mesma forma, é com ela que estão as forças democráticas e populares que, diuturnamente, combatem a extrema-direita.

Por mais que queira vestir a capa da isenção, Raquel Lyra, como já dito, coleciona em seu palanque o pior da direita e extrema direita pernambucana, como os clãs Collins e Tércios, assim como figuras da estirpe de Daniel Coelho, Miguel Coelho e Fernando Bezerra (que foi líder do governo Bolsonaro no Senado). Assim, é importante ouvirmos a sabedoria popular quando nos diz que: ““[…] tem rabo de porco, orelha de porco, pé de porco, focinho de porco. Bicho, se não é porco, é feijoada”.

*Advogado, professor e membro do Diretório Nacional do PT

**Professora, assistente social de formação e militante da Resistência Feminista PSOL

***Presidente do PSOL-PE e da federação PSOL/Rede em Pernambuco

Uma questão importante!

Colocar em prática um projeto jornalístico ousado como esse da cobertura das Eleições 2022 é caro. Precisamos do apoio das nossas leitoras e leitores para realizar tudo que planejamos com um mínimo de tranquilidade. Doe para a Marco Zero. É muito fácil. Você pode acessar nossapágina de doaçãoou, se preferir, usar nossoPIX (CNPJ: 28.660.021/0001-52).

Nessa eleição, apoie o jornalismo que está do seu lado

AUTOR
Foto Marco Zero Conteúdo
Marco Zero Conteúdo

É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.