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Comerciantes buscam solução para salvar a Rua da Imperatriz

Maria Carolina Santos / 15/05/2023

Das 79 lojas da rua da Imperatriz, 43 estão fechadas. Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

Quando o programa Recentro foi lançado pela prefeitura do Recife, há um ano e meio, uma das principais críticas era que o programa de revitalização deixava de lado a Boa Vista, logo o bairro mais populoso do centro. De olho nos benefícios fiscais que o programa oferece, os comerciantes e proprietários de imóveis da outrora vibrante rua da Imperatriz se juntaram e conseguiram que fosse aprovada pela Câmara dos Vereadores a entrada da rua, junto com a praça Maciel Pinheiro, no programa. Mas até hoje a inclusão não foi oficializada.

Na semana passada, o líder da oposição na Câmara, o vereador Alcides Cardoso (PSDB), mediou uma audiência pública entre a prefeitura do Recife e os comerciantes da Imperatriz. De acordo com a proprietária Evania Margolis, são 79 lojas na rua, sendo apenas 36 hoje em funcionamento. “As 43 lojas fechadas gerariam em torno de dois mil empregos, se estivessem abertas”, afirmou.

Antes da audiência pública, no dia 8 de maio, um grupo de proprietários fez uma lista de solicitações de benefícios para a prefeitura: suspensão administrativa do IPTU por cinco anos, remissão do IPTU dos últimos três anos e parcerias para obtenção de alvarás de funcionamento.

Para o proprietário da Padaria Imperatriz – um dos símbolos do centro do Recife, com 125 anos de história – a decadência do local teve início com as mudanças do trânsito no centro. “Antes, os ônibus saíam dos bairros e iam direto para a Avenida Conde da Boa Vista e Avenida Guararapes. Com a criação dos terminais integrados e o BRT isso mudou”, lembra. “Mas na pandemia tudo piorou muito”.

Desde 1950 a padaria está com a família de Horácio. “Esse é, sem dúvidas, o pior momento da história desta rua”, diz, sem hesitar. Presente também na audiência, a CTTU afirmou que está conduzindo um estudo sobre a circulação dos veículos no centro do Recife. Não foi informado prazos para as mudanças.

Um dos problemas recorrentes do centro e agravado durante a pandemia foi a presença de moradores de rua. Os comerciantes perguntaram na audiência se existe na prefeitura algum programa de apoio social e acolhimento desta população. Para o representante do Recentro, João Paulo Silva, esse é um tema complexo e há reuniões agendadas com a Secretaria de Desenvolvimento Social para discutir o acolhimento dessa população e as doações de entidades filantrópicas.

Na audiência, João Paulo Silva lembrou que o gabinete do Recentro não é de execução, mas sim de articulação. “Temos o objetivo de potencializar as ações da prefeitura no centro. O processo de esvaziamento dos centros históricos foi um processo nacional e não conseguimos fazer uma revitalização em curto prazo. Gerar a qualificação do centro não depende só do poder público”, afirmou.

Em termos práticos, a audiência resultou no anúncio do comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Hugo Alexandre, de que haverá um reforço no policiamento ostensivo na Imperatriz. Como nos dias que antecedem o Dia das Mães o policiamento já é maior que o normal, os comerciantes ainda aguardam para ver se a promessa vai se concretizar.

A principal reivindicação da audiência, porém, ficou em suspenso. A entrada da Rua da Imperatriz na lei de incentivos fiscais do Recentro está em avaliação na Secretaria de Finanças. “Vários atores da Boa Vista já fizeram a solicitação para inclusão no Recentro. Temos que discutir a inclusão do bairro como um todo. Esse pedido já foi protocolado, da rua da Imperatriz, e está em processo de análise”, disse João Paulo.

Para os comerciantes da Imperatriz, tem que ser levado em conta a situação atual do bairro da Boa Vista. “É um bairro grande e nem todos os locais estão do mesmo jeito. A rua do Aragão tem o polo de móveis, a rua Manoel Borba, o de óticas, e estão relativamente bem. As ruas Sete de Setembro, do Hospício, a Praça Maciel Pinheiro e a rua da Imperatriz estão mais próximas da situação de abandono dos bairros de São José e Santo Antônio”, diz Horácio Amorim.

Para tentar agilizar o processo de inclusão da rua no Recentro, uma comissão de cinco comerciantes vai agendar uma reunião com o gabinete e a Secretaria de Finanças, ainda sem data. “Na verdade, só depende mesmo é do prefeito”, diz Horácio Amorim.

A casa de Clarice Lispector

Casa onde Clarice Lispector passou a infância vai passar por mais um estudo para recuperação. Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

De um lado, na esquina com a Travessa do Veras, sacos de lixo se acumulam. Olhando de fora, a casa onde a escritora Clarice Lispector viveu a infância parece não ter mais paredes internas, nem teto. Algumas plantas brotam nas paredes.

O abandono do imóvel já tem décadas. As diversas promessas de transformar o local em um museu ou centro cultural jamais foram cumpridas. A Praça Maciel Pinheiro, na frente, está abandonada, infestada de pombos e ratos, com acúmulo de lixo nos bancos e na fonte de água.

Na audiência pública, a questão da casa de Clarice Lispector foi mais uma vez colocada em pauta. Nada de concreto foi anunciado. Presente na audiência, a secretária-executiva de Turismo de Pernambuco, Nathalie Mendonça, informou que há um planejamento com outros órgãos para a recuperação da Casa de Clarice Lispector, que pode servir para o fortalecimento do turismo no local, e todo o Centro do Recife. Não deu prazos.

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AUTOR
Foto Maria Carolina Santos
Maria Carolina Santos

Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Ávida leitora de romances, gosta de escrever sobre tecnologia, política e cultura. Contato: carolsantos@gmail.com