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Um curso para impulsionar pré-candidatas negras do Nordeste e ajudá-las a lidar com a mídia

Giovanna Carneiro / 09/06/2022
Grupo de pelo menos 25 mulheres negras, vestindo roupas de estilos e cores diferentes, juntas uma das outras, olhando para a câmera em um auditório iluminado com um telão ao fundo.

Crédito: Rafael Gueiros/Ascom TRE-PWE

A Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, em parceria com a Casa da Mulher do Nordeste e a Open Society, promove um curso de Media Training para as pré-candidatas negras e nordestinas. A formação terá duas edições, ambas com turmas compostas por 25 mulheres. As primeiras aulas acontecem de 9 a 12 de junho, no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco e na Fundação Cecosne, na Madalena. A segunda turma será capacitada nos dias 30 de junho a 3 de julho.

As pré-candidatas que participam do Curso de Mídia Advocacy são de partidos de esquerda – PT, PSOL, PSB e PCdoB -, e dos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e Alagoas. A iniciativa faz parte do projeto “Mulheres negras rumo aos espaços de poder: fortalecendo mulheres negras para as eleições” e tem o objetivo de capacitá-las para na disputa eleitoral de 2022, a fim de ampliar o acesso desse grupo social aos poderes Legislativo e Executivo.

“Encontros como esse fortalecem a gente, porque nós conseguimos formar uma rede e não nos sentimos isoladas. Estar perto de outras mulheres negras que tiveram coragem de colocar a cara em um santinho em tempos tão difíceis como esse que estamos passando hoje no nosso país, que é totalmente desumano, é fundamental. A gente entende que a democracia vai ser recuperada pelas nossas mãos, pelas mãos das mulheres negras, então, ter mais pré-candidaturas negras aqui nos fortalece”, declarou a pré-candidata à reeleição pelo mandato coletivo Juntas, Kátia Cunha (PSOL).

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE, divulgada em 2020, mulheres negras representam apenas 2% do Congresso Nacional e são menos de 1% na Câmara dos Deputados. “Nosso desafio neste cenário é aumentar a presença de mulheres negras nas cadeiras no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas”, destacou Piedade Marques, da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.

Primeiro dia do Curso de Mídia Advocacy no TRE-PE. Crédito: Emanuela Castro/Casa da Mulher do Nordeste.

Juliana Silva, pré-candidata a deputada federal pelo PSB na Bahia, participa do curso e destaca a importância de formações voltadas para as mulheres negras: “quanto mais profissionalização e qualificação a gente tiver sobre o processo de comunicação mais a gente consegue avançar, então, para candidaturas de mulheres negras, que geralmente são candidaturas que não recebem recurso e têm que enfrentar diversas barreiras do racismo, do machismos e do patriarcado, cursos e ações como essa da Rede de Mulheres Negras são de extrema importância e nos dão um gás”.

A grade do curso conta com aulas sobre violência política e de gênero, fake news e uso das redes sociais, além de um treinamento prático voltado para entrevistas em diferentes meios de comunicação, como TV, rádio e jornais impressos. As pré-candidatas também participarão de uma sessão de fotos para compor seus materiais de campanha.

Confira a programação completa:

  • Quinta-feira (9)

Discussão sobre Direito Eleitoral: propaganda eleitoral, violência política de gênero e fake news, no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco;

Sessão de fotos com Rennan Peixe.

  • Sexta-feira (10)

Curso sobre a importância do exercício da fala pública das mulheres negras ministrado pelas jornalistas Ana Veloso e Nataly Queiroz.

  • Sábado e domingo (11,12)

Exercícios práticos de entrevista para TV, rádio e impressos;

Discussão sobre os elementos de planejamento de comunicação para as campanhas e o uso das redes sociais.

Esta reportagem foi produzida com apoio doReport for the World, uma iniciativa doThe GroundTruth Project.

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Foto Giovanna Carneiro
Giovanna Carneiro

Jornalista e mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco.