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Vamos falar sobre representação nas eleições 2020?

Maria Carolina Santos / 15/11/2020

Neste ano, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, Pernambuco soma pouco mais de 6,7 milhões de eleitores.As mulheres representam 53,7% do eleitorado, com mais de 3,6 milhões dos votos no estado. Ou seja, somos a principal fatia do eleitorado e o voto feminino tem força para ganhar qualquer disputa no primeiro turno.

Apesar disso, as políticas públicas voltadas para as mulheres não são muito contempladas ou lembradas pelos candidatos e candidatas em campanha. A saúde é um exemplo,como mostramos aqui.

Se as mulheres representam a maioria absoluta no eleitorado, quando falamos de candidaturas… está muito longe da igualdade. Pernambuco é o estado que tem a menor proporção de mulheres candidatas nestas eleições: 32,6% do total, só um pouquinho acima da cota de 30%. 

Das 6.868 candidatas em Pernambuco, a imensa maioria (6.614) concorre para o cargo de vereadora. Para o cargo de prefeita, há apenas 104 mulheres concorrendo, o que representa 1,51% das candidaturas femininas.

A pesquisadora Renata Cavalcanti, do departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),falou aqui nesta matériasobre a falta de apoio e recursos para que as mulheres disputem mais cargos majoritários. “Os partidos políticos usam as mulheres também como estratégia com o intuito de mostrar o quão representativos eles são. Mas, na verdade, os partidos continuam sem dar o suporte necessário às mulheres. Nas eleições de 2014, aqui em Pernambuco, para o cargo de deputado federal, 112 mulheres e 40 homens se candidataram. Mas só uma mulher se elegeu para as 25 cadeiras”.

Quando falamos de mulheres negras se candidatando, tivemos neste ano um pequeno aumento em Pernambuco. O maior aumento se deu entre as mulheres que se autodeclaram pretas: em 2016, foram 440, cerca de 7,34% das mulheres naquela eleição.Agora, são 668 mulheres pretas.

Mas participar de uma eleição não é nada fácil para as mulheres.A violência política de gênero tem várias formas.Elas têm enfrentado sistematicamente intimidações, ameaças de agressões sexuais, mensagens não solicitadas de fotos de órgãos sexuais masculinos,fake news, xingamentos e até discriminação dentro dos próprios partidos.

As mulheres concorrem menos e também são menos votadas. Nas últimas eleições municipais, o Brasil elegeu prefeitas em apenas 11% dos municípios.No Nordeste, apenas duas mulheres se elegeram prefeitas de capitais nos últimos 20 anos. Foi em Fortaleza e em Maceió.

Para este domingo, vale a máxima de que não adianta só votar em mulheres. É preciso votar em mulheres que vão trabalhar por uma agenda de igualdade, de políticas públicas voltadas para a justiça social.Quer ajudar a eleger mais mulheres e fortalecer a democracia?Há algumas plataformas que divulgam candidaturas de mulheres do campo progressista, como o projetoEu voto em negrae oMeu voto será feminista.

AUTOR
Foto Maria Carolina Santos
Maria Carolina Santos

Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Ávida leitora de romances, gosta de escrever sobre tecnologia, política e cultura. Contato: carolsantos@gmail.com